Não era dos melhores dias para
sair, mas Alice insistiu e usou todos os truques que tinha ao seu alcance,
incluindo o sorriso de menina “eu
porto-me sempre bem”. O tempo estava de cara virada e até bastante fresco.
Roupa quente envergada, espírito em alta e semblante vibrante, Alice deu a mão
ao pai e lá foram os dois. Não tardou a pergunta: “Onde vamos?”. Não houve resposta, porque o pai decidiu transformar
aquela “saída forçada” numa enorme surpresa. Caminhando, seguiram. Sempre a
subir. E subiam cada vez mais. Alice já começava a ficar cansada. Eis que
chegam a um miradouro. Alice ficou maravilhada com o recorte da cidade, os
prédios que pareciam miniaturas, o barulho dos carros e até pedaços de conversa
que se ouviam aqui e ali. O pai, orgulhoso, olhava para o sorriso da filha
perante tal visão panorâmica. “Agora
vamos fazer um jogo”, disse o pai. “Boa,
boa, boa”, vibrava Alice. Foi então que o pai pediu-lhe que tirasse os
óculos e olhasse de novo para a cidade. “Assim
vejo tudo embaciado”, respondeu. E foi então que o pai lhe disse: “Embaciado ou não, nunca percas a tua visão
do Mundo”.
Embaciado
(Text &
Photo - Luís Pinto Carvalho - All Rights Reserved)